O Culto à Santíssima Virgem e o seu papel no Plano da Salvação-08


Como os primeiros cristãos viam a Virgem Maria

Comecemos por Sto Inácio, bispo de Antioquia, do séc I e II. Este rapaz foi discípulo do Apóstolo João e foi ordenado pelo próprio Pedro. Sto Inácio é o primeiro santo a chamar a Igreja Cristã de Católica, lá pelo ano 105 d.C. Sobre Maria, ele escreve:

"E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a Virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" 

A virgindade misteriosa não é, obviamente, a mera virgindade pré-parto, que não teria nada de misteriosa. É, antes, a virgindade perpétua.



São Justino, também do Séc. II, escreve:

“[Jesus] se fez homem por meio da Virgem, de sorte a ser finalizada a desobediência, oriunda da serpente, por ali mesmo onde havia começado. Eva era virgem e incorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a desobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeu fé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa nova”.


Santo Irineu de Lião, também do Séc. II, especialista em heresias, escreve:

“Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem.”

“Ora, como Eva..., que tendo-se feito desobediente, se tornou causa de morte tanto para si quanto para todo o gênero humano, também Maria...obedecendo, tornou-se causa de salvação tanto para si quanto para todo o gênero humano...”


"A Virgem Maria mostrou-se obediente ao dizer: 'Eis aqui tua serva, Senhor; faça-se em mim conforme a tua palavra'. Entretanto, Eva foi desobediente; mesmo enquanto era virgem, ela não obedeceu. Como ela - que ainda era virgem embora tivesse Adão por marido... - foi desobediente, tornou-se a causa da sua própria morte e também de todo gênero humano; então, também Maria, noiva de um homem, mas, apesar disso, ainda virgem, sendo obediente, se tornou a causa de salvação dela própria e de todo o gênero humano... Assim, o problema da desobediência de Eva foi eliminado pela obediência de Maria. O que a virgem Eva causou em sua incredulidade, a Virgem Maria eliminou através da sua fé"

"Assim como o gênero humano foi levado à morte por uma virgem, foi libertado por uma Virgem."


Santo Hipólito de Roma, Séc II e III:

"O Cristo foi concebido e tomou o seu crescimento de Maria, a Mãe de Deus toda pura [...] Como o Salvador do mundo tinha decretado salvar o gênero humano, nasceu da Imaculada Virgem Maria."

Só queremos lembrar ao leitor que Constantino, a quem falsamente os protestantes atribuem o nascimento da Igreja Católica, é do séc. IV. Portanto, estamos aqui antes de quaisquer supostas corrupções do império romano, e em plena fase da perseguição aos cristãos. Tenha isso em mente. Mais algumas de Santo Hipólito:

"Deus, o Verbo descendeu à Santa Virgem Maria ..."

"Ele (Jesus) era a arca composta por madeira incorruptível. Com efeito, o seu tabernáculo (Maria) era isento da podridão e corrupção."

“… corpo de Maria toda santa, sempre Virgem, por uma concepção imaculada, sem conversão, e se fez homem na natureza, mas em separado da maldade: o mesmo era Deus perfeito, e o mesmo era o homem perfeito, o mesmo foi na natureza em Deus, uma vez perfeito e homem.”


Orígenes, Séc. II e III:

"Desposada com José, mas não carnalmente unida. A Mãe deste foi Mãe imaculada, Mãe incorrupta, Mãe intacta. A Mãe deste, de qual este? A Mãe do Senhor, Unigênito de Deus, do Rei universal, do Salvador e Redentor de todos." 

"Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria, digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par."

“Este menino não precisa de Pai na terra, porque tem um pai incorruptível no céu; não precisa de Mãe no Céu, porque tem uma Mãe Imaculada e casta na terra, a Virgem Bem-aventurada, Maria".

"Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que existe."

Os protestantes gostam de dizer, de novo equivocadamente, que o título de Mãe de Deus foi inventado e dado a Maria só no Séc. V, no Concílio de Éfeso. No entanto, vemo-la ser chamada deste modo já no Séc. II!



Santo Atanásio, Séc. IV:

"Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta."

“As Sagradas Escrituras, as quais nos instruem, e a vida de Maria, Mãe de Deus, são suficientes como um ideal de perfeição e da forma de vida celeste.”


Santo Efrém, Séc. IV:

"Somente Vós (Cristo) e vossa Mãe sois mais belos do que qualquer outro ser. Em ti, Senhor, não há mancha alguma; na tua Mãe nada de feio existe."

"A Santíssima Senhora, Mãe de Deus, a única pura na alma e no corpo, a única que ultrapassa toda perfeição de pureza, a única morada de todas as graças do Santíssimo Espírito, e, portanto, excedendo qualquer comparação até mesmo com as virtudes angelicais em pureza e santidade de corpo e alma ... minha Senhora santíssima, puríssima, incorruptível, inviolada, prenda imaculada dAquele que se revestiu com luz e prenda ...flor que não murcha, púrpura tecida por Deus, a única imaculada."

“Maria e Eva, duas pessoas sem culpabilidade, duas pessoas simples, são idênticas. Mais tarde, entretanto, uma se converteu na causa de nossa morte e a outra na causa de nossa vida.”

"Que a mulher entoe louvor à pura Maria."


Santo Ambrósio de Milão, Séc. IV:

"Maria, uma virgem não profanada, Virgem tornada inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado."


São Teodoro de Ancira, Séc. IV:

"Maria, na sua pureza, leva vantagem sobre os serafins e querubins".

“Em lugar de Eva, um instrumento de morte, é escolhida uma Virgem, mais agradável a Deus e cheia da graça divina, como um instrumento de vida. Uma Virgem incluída no gênero feminino, mas sem compartilhar com a falta deste gênero. Uma Virgem inocente, imaculada; livre de toda culpa; sem mancha; incorruptível; santa no espírito e na carne, um lírio entre os espinhos.”


São Jerônimo, Séc. IV e V, grande erudito e tradutor da bíblia hebraica e grega para o latim. Um sumo especialista em Sagrada Escritura:

"Maria é verdadeiramente Mãe de Deus."


São João Crisóstomo, Sèc. IV e V:

"É verdadeiramente justo proclamar-vos bem-aventurada, ó Deípara, que sois felicíssima, toda pura e Mãe do nosso Deus. Nós vos magnificamos: a vós, que sois mais digna de honra do que os querubins e incomparavelmente mais gloriosa do que os serafins! A vós que, sem perder a vossa virgindade, destes ao mundo o Verbo de Deus! A vós, que sois verdadeiramente a Mãe de Deus.”


Sto Agostinho, Séc. IV e V:

"Concebeu-O [a Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu."

''Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmo tempo Virgem e Mãe, não somente segundo o espírito, mas também pelo corpo. Ela é mãe conforme o espírito, não dAquele que é nossa Cabeça, isto é, do Salvador do qual ela nasceu, espiritualmente. Pois todos os que nele creram – e nesse número ela mesma se encontra – são chamados, com razão, filhos do Esposo (filii sponsi) (Mt 9,15). Mas, certamente, ela é mãe de seus membros, segundo o espírito, pois cooperou com sua caridade para que nascessem os fiéis na Igreja – os membros daquela divina Cabeça – da qual ela mesma é, corporalmente, a verdadeira mãe. Convinha, pois, que nossa Cabeça, por insigne milagre, nascesse segundo a carne de uma virgem, dando a entender que seus membros, que somos nós, haviam de nascer segundo o Espírito dessa outra virgem que é a Igreja. Somente Maria, portanto, é mãe e virgem, no espírito e no corpo. É Mãe de Cristo e também Virgem de Cristo.''

"Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus."

"Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça."

"Exceto a Santa Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum. Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...) Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Se dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade não está em nós'?"

“A admirável santidade de Maria é fruto da graça de Deus que a cumulou, em vista de sua missão. A Virgem Maria representa o que de mais digno, puro e inocente poderia oferecer esta nossa terra a Deus, a fim de que o Filho de Deus se dignasse baixar até ela.”

"A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o meio de que nos devemos servir para ir a ele."


Sto Epifânio, Séc V:

"Numa consideração exterior e aparente, dir-se-ia que de Eva derivou a vida de todo o gênero humano, sobre a terra. Mas na verdade é de Maria que deriva a verdadeira vida para o mundo, é ela que dá à luz o Vivente, ela a Mãe dos viventes. Portanto, o título de “mãe dos viventes” queria indicar, na sombra e na figura, Maria.”


Proclo, Patriarca de Constantinopla, Séc. V:

"Ele veio sem nenhuma mancha dela [de Maria], que a formou para Si mesmo sem qualquer mancha."

"Maria é a esfera celeste de uma nova criação, na qual o Sol de justiça, sempre brilhando, fez desaparecer inteiramente de sua alma toda a noite do pecado.”


Há uma antiga liturgia no Egito, que remonta ao Século I, e é atribuída ao Apóstolo São Marcos, e que diz o seguinte:

“Lembremo-nos, sobretudo, da Santíssima, intemerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria".

Na Liturgia dos Etíopes, encontramos uma oração de autor desconhecido, mas também do Séc. I, e que diz:

"Alegrai-vos, Rainha, verdadeiramente Imaculada, alegrai-vos, glória de nossos pais.'' e “Pelas preces e a intercessão que faz em nosso favor Nossa Senhora, a Santa e Imaculada Virgem Maria."

A mais antiga oração mariana - que não seja meramente louvor -, porém, que chegou até nós em fonte primária remonta ao Séc III, e nela se lê



"À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, oh Virgem gloriosa e bendita." 

Ela é conhecida como "Sub Tuum Praesidium" ("À vossa proteção" em latim)

E é também do início do Séc. III, em plena perseguição da Igreja, a mais antiga representação artística da Virgem, pintada pelos cristãos que se escondiam nas Catacumbas de Priscila, em Roma.





Nós poderíamos continuar indefinidamente as citações. Isto tudo, além de demonstrar que todos os cristãos tinham o mesmo pensamento quanto à Santíssima Virgem, prova também que a Igreja nunca mudou.

Passemos agora ao modo como a viam os reformadores protestantes.
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