O Culto à Santíssima Virgem e o seu papel no Plano da Salvação-01



A Virgem Maria possui um papel especialíssimo no Catolicismo. Depois de Deus, é o ser mais perfeito, pois a tal grandeza foi elevada pela graça de Deus. Por vontade d'Ele, a Virgem se tornou meio para todas as graças divinas e caminho para Ele. Por isso é chamada "Porta do Céu".

Iremos analisar, neste texto, se essas teses de fato têm fundamento. Seriam tais princípios invenções da Igreja Católica ou resquícios de paganismo que ela teria adquirido a partir de sua suposta subserviência ao império romano? Veremos. O escritor anglicano C.S. Lewis descreve, de modo muito acertado, os ânimos suscitados por esse tema. Na sua obra Cristianismo Puro e Simples, ele escreve:

"...não existe entre os cristãos uma controvérsia maior ou que deva ser tratada com maior tato. As crenças dos católicos não são defendidas apenas com um fervor normal que se espera encontrar em toda religiosidade sincera, mas (muito naturalmente) com o ardor incomum e, por assim dizer, cavalheiresco com que um homem defende a honra de sua mãe ou de sua amada. É muito difícil discordar do católico sem, ao mesmo tempo, não parecer a seus olhos um malcriado ou mesmo um herege. Já a crença do protestante a respeito desse assunto desperta sentimentos inerentes às raízes de todo o monoteísmo. Para o protestante radical, a distinção entre o Criador e a criatura (por mais santa que seja) parece ameaçada: o politeísmo renasce. Logo. é difícil discordar sem parecer a seus olhos algo pior que um herege, um pagão..." (2005, p.11-12.)

Antes de começarmos a análise deste assunto tão delicado, consideremos isto: se Deus quisesse elevar a Virgem Maria às alturas em que a teologia católica a coloca, Ele poderia fazê-lo ou não? Parece que qualquer pessoa tenderia a admitir que sim, ainda que possa supor que Ele não o fez. Mas, desde já, esta possibilidade fica resguardada.

A dificuldade maior na mente de um protestante reside no fato de esta possibilidade aparentemente contradizer certas afirmações da Escritura. Assim, é importante, na realização deste estudo, que observemos as alegações católicas sobre Maria também do ponto da Bíblia. Porém, não pararemos aí. Penso ser importante também vermos como aqueles que se seguiram imediatamente aos apóstolos a viam, e, por fim, olharmos en passant os milagres a ela atribuídos e que são cientificamente incontestáveis. Não que sejamos dependentes de tais certificações, mas é o que o exige o espírito da época, do qual o protestantismo, por sua vez, é simpático.

Gênesis, Evangelho de João e Apocalipse

Gênesis e Apocalipse são respectivamente o primeiro e o último livros da Sagrada Escritura, e narram também o começo e o fim do mundo. Nas religiões tradicionais, costuma-se dizer que o fim será como o começo, ou um retorno ao começo. A santidade, deste modo, é vista como um reordenamento ou restabelecimento da saúde humana e da ordem primordial. Do ponto de vista divino, é como se, pela Queda, se estabelecesse uma tensão pela qual a Sua Justiça exige satisfação. Esta é feita em Jesus e, depois, no fim dos tempos, quando a ordem restabelecida já não mais será destruída.

Por isso, nestes dois livros surgem algumas figuras semelhantes. Depois do Pecado Original, Deus faz pela primeira vez a promessa de um Salvador. Por ser um primeiro anúncio, este trecho recebeu na Tradição o nome de "protoevangelho" ou "primeiro-evangelho". Nele, Deus diz ao demônio:

"Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3,15)
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