Sexo, matrimônio e luta espiritual: por que a sociedade moderna profana o mistério sagrado da união sexual?

Se Deus criou o corpo e a união sexual com o objetivo de proclamar seu próprio eterno mistério de amor, por que será que não os vemos simbolicamente desta maneira profunda? Ao ouvir a palavra “sexo”, por exemplo, que é que geralmente ela nos sugere? Será que alguma vez nos sugeriu o “grande mistério da união numa só carne” como imagem da união de Cristo com a Igreja, ou mesmo alguma coisa um pouco menos sagrada? Reflitamos um momento sobre isto. Se o corpo e o sexo existem para proclamar a nossa união com Deus e, ao mesmo tempo, se existe um inimigo que luta para nos separar de Deus, em que ponto acham que nos atacaria primeiro? Se quisermos saber o que há de mais sagrado no mundo, basta-nos observar o que é que está sendo mais violentamente profanado. O inimigo não é estúpido. Ele sabe muito bem que o corpo e o sexo têm por objetivo proclamar o mistério divino. A partir desta perspectiva, tal proclamação deve ser sufocada. Homens e mulheres devem ser impedidos de reconhecer o mistério de Deus em seus corpos. Como veremos com clareza mais adiante, esta foi precisamente a cegueira que o pecado original acarretou, por instigação da serpente. Mas não tenha medo: Cristo veio restituir a visão aos cegos! (cf. Lc 4,18).
Por enquanto, guardemos na mente: a batalha pela alma do homem está sendo deflagrada no plano da verdade de seu corpo. Não é por nenhuma coincidência que o apóstolo Paulo, depois de apresentar o “grande mistério” da “união numa só carne”, na Carta aos Efésios, 5, continua, no capítulo seguinte, convocando-os a pegar em armas para a batalha cósmica do bem contra o mal. Enquanto origem da família e da vida em si, a união dos sexos” está no centro da grande batalha entre o bem e o mal, entre a vida e a morte, entre o amor e tudo o que a ele se opõe” (FC, n. 23). Se, portanto, queremos vencer a batalha espiritual, a primeira coisa, segundo São Paulo – não estou brincando, confira você mesmo – é “ter a verdade como cinturão” (Ef 6,14). A teologia do corpo é o toque de clarim de João Paulo II a todos os homens e mulheres, convidando-os a fazer exatamente isto – vestir-se com a verdade que os libertará para amar.

Reivindicando a verdade sobre o sexo

Será que ficou clara, ou continua confusa, a conexão entre as nossas opções sexuais e a cultura da morte? Pergunte-se a si mesmo: por que é que, só nos Estados Unidos, matam-se a cada dia em torno de 4.000 bebês nascituros? A resposta só pode ser uma: por fazemos mau uso e até abusamos do grande presente do sexo, que Deus nos deu. Queira-se ou não, o debate a respeito do aborto não deve girar sobre o quando a vida começa, e sim sobre o sentido do sexo. O que a maioria dos defensores do aborto visa não é tanto o “direito” de matar seus descendentes, quanto o de praticar sexo sem limites e sem consequências. Foi por isto que João Paulo II escreveu em sua lapidar encíclica Evangelium Vitae (O Evangelho da vida): “Seria ilusão pensar que podemos construir uma cultura verdadeira da vida humana, se não ( … ) aceitamos e experimentamos a sexualidade, o amor e a totalidade da vida segundo seu significado verdadeiro e sua interconexão íntima” (n. 97).
Esta lógica está longe de ser um bom presságio para a nossa cultura. Não há nenhum exagero em dizer que a preocupação do século XX foi livrar-se da ética sexual cristã. Se queremos construir uma “cultura da vida”, a tarefa no século XXI deve ser a de recuperá-Ia. Infelizmente, porém, a abordagem muitas vezes repressiva de gerações cristãs anteriores – o costumeiro silêncio ou, na maioria das vezes, a norma incompleta “não faça isto” – é largamente responsável pela reação cultural ao ensinamento da Igreja acerca do sexo. Precisamos de uma “nova linguagem” para quebrar o silêncio e reverter a negatividade. Precisamos de uma nova teologia, capaz de explicar como a ética sexual cristã longe de ser uma lista ameaçadora de proibições, como tantas vezes é entendida corresponde perfeitamente aos mais profundos anseios de nossos corações pelo amor e a união.
Foi por isto que João Paulo II dedicou o primeiro grande projeto doutrinal de seu pontificado ao desenvolvimento da teologia do corpo. Uma volta ao plano original de Deus para a união dos sexos é o único meio adequado para construir uma cultura que respeite o sentido e a dignidade da vida. Mas antes de mergulhar nos ensinamentos do Papa, demos uma rápida olhada em seu método e sua abordagem.
Por West, Christopher. Teologia do Corpo para principiantes, Uma introdução básica à Revolução Sexual por João Paulo II. Trad. Cláudio A. Cassola. Ed.Myrian: Porto Alegre, 2008. Tradução Editada pelo Blog Ecclesia Militans
Publicado originalmente por Grupo de Oração São José
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